Espera-se que este espaço virtual traga à tona novas perspectivas de participação e interação, diálogo e cooperação, teorização e reflexão sobre as diversas temáticas vinculadas à disciplina de Geografia.

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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Análise da natureza e das questões socioambientais e suas relações com a Campanha da Fraternidade – 2010

6º e 7º anos
Prof. Leandro de Godoi Pinton - Geografia
Prof. Denilson Ansanello - Filosofia
Colaboração: Ensino Religioso e Artes


Introdução

A noção de preservação do meio ambiente é um dos temas abarcados pelo arcabouço estrutural da campanha da fraternidade 2010 – Economia e Vida. De modo geral, o meio ambiente é compreendido como o “conjunto dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fatores sociais susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto, imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem” (IBGE, 2004, p. 210).
No âmbito legal, o conceito foi introduzido na legislação brasileira em 1981 pela Lei nº. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, sendo compreendido, no art. 3, como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Esta definição possuía uma restrição atrelada aos aspectos naturais e ampliou-se a sua dimensão com a Constituição Federal de 1988, ao considerar que o meio ambiente divide-se em:
- físico ou natural: constituído pela flora, fauna, solo, água, atmosfera etc, incluindo os ecossistemas (art. 225, §1º, I, VII);
- cultural: constitui-se pelo patrimônio cultural, artístico, arqueológico, paisagístico, manifestações culturais, populares etc (art.215, §1º e §2º);
- artificial: conjunto de edificações particulares ou públicas, principalmente urbanas (art.182, art.21, XX e art.5º, XXIII);
- trabalho: conjunto de condições existentes no local de trabalho relativos à qualidade de vida do trabalhador (art.7, XXXIII e art.200).
Todavia é necessário destacar que esta definição acompanha a sistemática adotada após a II Guerra Mundial, pautada no crescimento econômico em escala global, repercutindo em grandes discussões sobre a sustentabilidade das dimensões envolvidas com o conceito de meio ambiente.
Essa conjuntura se encontra atrelada a crescente legitimidade internacional sobre o tratamento das questões ligadas ao meio ambiente que ocorreram no âmbito das grandes conferências das Nações Unidas.
Embora se tenha este cenário de preocupação com o meio ambiente, ainda se registra no governo brasileiro certo descomprometimento para a implantação de medidas que visem a estruturação e mudança de pensamento para superar as dificuldades relacionadas à diversidade e complexidade do meio ambiente. Assim, verifica-se a necessidade do desenvolvimento de iniciativas que promovam a preservação do meio ambiente.
Neste contexto, a Campanha da Fraternidade 2010, tem como objetivo fortalecer a noção de educação vinculada ao meio ambiente, da mesma forma que esta é concebida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, em que
as questões ambientais pressupõe um trabalho interdisciplinar. A análise de problemas ambientais envolve questões políticas, históricas, econômicas, ecológicas, geográficas, enfim, envolve processos variados, portanto, não seria possível compreende-los e explicá-los pelo olhar de uma única ciência (Brasil, 1998, p. 46).

Na esfera do ensino fundamental, espera-se que os alunos sejam capazes de “perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente” (BRASIL, 1998, p. 8).
Dentro deste víeis, o trabalho, ora apresentado, teve como objetivo geral proporcionar aos alunos o conhecimento do meio ambiente no qual se inserem por meio da percepção, representação cartográfica e reflexão sobre as questões que envolveram os seguintes itens: (a) o lixo nas cidades (do consumismo à poluição), (b) o modo de vida urbana e qualidade de vida.
Para atingir tal objetivo, foram realizadas as seguintes etapas:
1) Reflexão sobre os elementos que compõem o meio ambiente por meio de aulas expositivas nas disciplinas de Geografia, Filosofia, Educação Religiosa e Artes;
2) Avaliação do meio ambiente, que circunda o colégio, a partir da observação direta em campo;
3) Representação dos elementos do meio ambiente, que circunda o colégio, por meio da elaboração de um croqui.
Sendo assim, considera-se que a presente pesquisa proporcionou aos alunos o desenvolvimento do pensamento crítico à organização espacial da relação entre a sociedade e a natureza.
A seguir apresentam-se os procedimentos utilizados na elaboração dos croquis e, uma breve análise dos resultados obtidos.

Procedimentos
Em um primeiro momento, os alunos refletiram sobre os elementos que compõem o meio ambiente. Esta reflexão se desenvolveu em aulas expositivas, orientada pelos professores das disciplinas de Geografia, Filosofia, Ensino Religioso e Artes.
Posteriormente, a partir da entrega de uma base do croqui (Figura 1) aos alunos, em que eram indicadas as quadras e principais ruas e avenidas que circundam o colégio (Figura 1), estes percorreram um determinado trajeto, com o intuito de reconhecer o espaço em questão.




Figura 1 - – Base do Croqui.



Em seguida, a partir da observação direta (Fotos 1, 2, 3, 4, 5 e 6), os alunos mapearam no croqui os seguintes elementos: distribuição do lixo; arborização; funções e formas urbanas e, a arquitetura do urbano.



Fotos 1, 2, 3, 4, 5 e 6 – Trabalhos de Campo.

Após o mapeamento individual, os alunos foram reunidos em grupos, na sala de aula, para elaborarem uma versão final do croqui, a partir de discussão e seleção dos principais elementos mapeados nos croquis individuais (Fotos 6, 7, 8 e 9).
Ressalta-se que este processo ocorreu em aulas cedidas pelas disciplinas de Geografia, Filosofia, Ensino Religioso e Artes.




Fotos 6, 7, 8 e 9 – Elaboração do croqui final em sala de aula.

Análise dos resultados

De modo geral, os alunos identificaram a presença de lixo nas proximidades de edificações que indicavam funções comerciais e, ainda, alguns notaram a ausência de lixeiras ao longo de todo o trajeto realizado (Figura 2).


Figura 2 – Lixo mapeado nas proximidades de edificações com função comercial e a constatação da ausência de lixeiras no percurso realizado.

No que tange à arborização, esta foi destacada nas quadras correspondentes às praças (Figura 3) e, em trechos ao longo do percurso (Figura 4), sendo necessário salientar que alguns grupos identificaram a presença de lixo nas praças (Figura 5).


Figura 3 – Mapeamento da Arborização nas praças.

Figura 4 – Mapeamento das árvores em trechos ao longo do percurso do trabalho de campo.

p align="center">Figura 5 – Mapeamento de lixo em praça.


As funções urbanas foram identificadas a partir do mapeamento das diversas atividades comerciais e das distintas práticas religiosas, as quais materializam, respectivamente, o sistema socioeconômico capitalista, e a apropriação do sagrado na cidade.
Para a identificação destas funções urbanas, os alunos contaram com o suporte teórico das aulas de Geografia, Artes, Filosofia e Religião.
As aulas de Geografia forneceram subsídios aos alunos na verificação da dinâmica da refuncionalização¹ das formações espaciais capitalistas, em que há a coexistência de formas e funções novas e velhas. A figura 6 abaixo ilustra esta refuncionalização, em que nota-se uma forma de tempos passados, sendo utilizada com uma nova função. Ao lado desta forma, retrata-se uma edificação com função e forma mais recente.
[1] É uma atribuição de novos valores e conteúdos às formas herdadas do passado, que refletem
uma renovação das ideologias e dos universos simbólicos (SANTOS, 1996).



Figura 6 – Refuncionalização: forma herdada do passado com nova função no presente.



Deve-se atribuir importância ao suporte teórico advindo das aulas de Artes, nas quais os alunos foram orientados para a identificação dos diferentes estilos arquitetônicos impressos na cidade ao longo de sua história. Assim, por meio da identificação dos diversos signos e símbolos da arquitetura barroca, neoclássica, moderna e contemporânea (Figura 7), os alunos tiveram subsídios para a identificação da refuncionalização das lógicas sócio-espaciais.




Figura 7 – Edifícios com arquitetura barroca, neoclássica, moderna e contemporânea.

Diversos grupos mapearam um edifício com arquitetura contemporânea, o qual corresponde a uma loja de bicicletas (Figura 8). Além do fato da arquitetura deste edifício se destacar aos olhos dos alunos, acredita-se que a identificação do mesmo se deu em razão do professor, durante o trabalho de campo, destacar a importância do uso de transportes alternativos como meio para se estabelecer uma melhora na qualidade de vida e, instigar o combate a emissão de gases poluentes na atmosfera.




Figura 8 – Edifício contemporâneo que corresponde a uma loja de meio de Transporte Alternativo.

No que se refere ainda as funções e formas urbanas, o suporte teórico das aulas de Filosofia e Religião possibilitaram aos alunos o mapeamento e reflexão sobre distintos espaços sagrados que se encontram no urbano, expressos no trajeto desenvolvido pela presença de um templo de espiritualidade indiana, três igrejas católicas e uma evangélica.
A identificação destes espaços proporcionou aos alunos a perspectiva de que o espaço urbano que os circundam é marcado por uma multiplicidade de representações de elementos culturais que permitem ao indivíduo e ao coletivo, a transcendência do local.
A pesquisa, também, contribuiu diretamente no desenvolvimento dos conteúdos sobre a orientação e localização no espaço geográfico, auxiliando na organização espacial dos alunos.
Em relação à organização espacial, Rosa Neto (2002) assinala que esta designa nossa habilidade para avaliar com precisão a relação física entre nosso corpo e o ambiente, inferindo uma ligação à percepção imediata sensório-motora e outra baseada nas operações mentais que saem do espaço representativo e intelectual (p. 21-22).
Neste viés, cabe apontar que os alunos apresentaram pequenos erros na localização das edificações, bem como na extensão das mesmas (Figura 9).


Figura 9 – Organização Espacial: erros na determinação da extensão do edifício e na localização.


Por fim, com o intuito de apresentar aos alunos as possibilidades de uso das tecnologias da WEB 2.0[2] na aprendizagem do conteúdo da Geografia, os dados desta pesquisa foram inseridos no ambiente do Google Maps, o qual fornece recursos de mapeamento em ambiente virtual.
Concomitantemente a apresentação do resultado obtido com uso do Google Maps, verificou-se uma abertura para o desenvolvimento de aulas que abordem os conhecimentos necessários para a interpretação de imagens de satélite e mapas, cujas modelos de representação da superfície terrestre possuem linguagens específicas, mas agregam novas maneiras para o aluno construir uma relação mais significativa com o espaço geográfico que o circunda.



Como manusear o mapa abaixo:
- Clicar sobre os símbolos contidos no mapa para identificar os dados mapeados pelos alunos.
- Se necessário, utilize os botões que permitem ao usuário o seu movimento em diversas direções (Leste, Oeste, Norte e Sul) e, ainda, ao aumento e diminuição do zoom.
- Se preferir, clicar sobre o link que se encontra abaixo do mapa para visualizá-lo em uma tela maior.



Visualizar Análise da natureza e das questões socioambientais e suas relações com a Campanha da Fraternidade – 2010 nos arredores do Colégio Puríssimo em um mapa maior
Considerações finais
Os procedimentos adotados para o desenvolvimento das ideias da Campanha da Fraternidade – 2010 possibilitaram aos alunos, por meio do estímulo à percepção, representação cartográfica e reflexão, a obtenção de subsídios para que estes reflitam sobre a organização, no tempo e no espaço, da relação sociedade e natureza.
[2] Programas e ferramentas virtuais que possibilitam ao internauta produzir e publicar materiais diversos de sua própria autoria.